O Museu de Arte Sacra da Universidade Federal da Bahia (UFBA), localizado em Salvador, foi fechado para o público por problemas estruturais. O local completou 65 anos de atividades no último sábado (10) e a decisão foi anunciada nesta segunda-feira (12), pela Reitoria da instituição.
Por meio de nota, a UFBA informou que há riscos relacionados à estrutura do Museu, principalmente nas instalações elétricas e nos telhados, “que ameaçam a segurança do local e de seu patrimônio histórico”.
O equipamento cultural abriga a maior coleção de arte sacra barroca da América Latina e em um conjunto arquitetônico histórico do século 17, situado no bairro do Dois de Julho, no Centro. Entre pinturas, azulejaria, ourivesarias, imagens esculpidas de santos diversos, mobiliários antigos, destaca-se ainda a bela vista para a baía de Todos-os-Santos. [Veja detalhes abaixo]
O reitor Paulo Miguez informou que a decisão foi sancionada pelo Conselho de Ensino Superior no dia 30 de julho deste ano, após os problemas terem sido identificados em vistoria da Superintendência de Meio Ambiente e Infraestrutura (Sumai) da Universidade e da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder).
O levantamento técnico apontou que a cobertura apresenta riscos pontuais de desabamento e fissuras de ordem estrutural. Já a infraestrutura predial oferece risco para o imóvel e o acervo, com problemas na rede elétrica, combate à incêndios, ar-condicionado, cabeamento estruturado, entre outros.
Paulo Miguez disse que informou ao Governo do Estado e Prefeitura de Salvador sobre o fechamento do Museu de Arte Sacra, e segundo a Universidade, a Conder já deu início ao levantamento técnico das necessidades de recuperação.
Além disso, falou ainda que a gestão municipal, através do Secretário de Cultura e Turismo (Secult), Pedro Tourinho, manifestou a disposição para atuar na requalificação do espaço. Ao g1, a Secult confirmou a informação e disse que Prefeitura vai elaborar um plano para restauro. O g1 também entrou em contato com a Conder e aguarda retorno.
O reitor disse ainda que “em um cenário de perdas orçamentárias às Instituições de Ensino Superior, que se acumulam ao longo dos anos, não há verba para o custeio da recuperação do Museu”.
Patrimônio da Humanidade
A sede do Museu de Arte Sacra da UFBA foi reconhecida como patrimônio nacional pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN) em 1938 e declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1985.
A edificação possui área total construída de 5.250m², inserida em uma área livre de 8.000m². Dentro do Museu, encontra-se a Igreja de Santa Teresa D’ Ávila, com traçado renascentista, ornamentos em formas simétricas e harmoniosas, por meio de uso de arcos, abóbodas, cúpulas e colunas.
Antigo Convento de Santa Teresa D’Ávila, fundado pelos Carmelitas Descalços em 1697, abrigou o Seminário Arquiepiscoal e serviu também de alojamento para as tropas portuguesas nas lutas pela Independência da Bahia.
Desligado da ordem em 1840, o local ficou abandonado e em ruínas até 1959, quando o primeiro reitor da Ufba, Edgard Santos, instalou no local o Museu de Arte Sacra da Bahia por meio de um convênio com a Igreja Católica, criando o primeiro museu universitário do Estado. A parceria foi renovada em 2017.
Além da igreja, sacristia, coro, capela interior, refeitório e biblioteca com cerca de cinco mil títulos, disponíveis para consulta, o conjunto dispõe de 16 salões, 12 salas, 10 celas, longos corredores e galerias e duas escadarias de pedra com painéis de azulejos do século 17 nas paredes.
Fonte G1 Bahia