Um jovem de 23 anos denunciou ter sofrido injúria racial na fila de um supermercado da Rede Assaí, na Avenida Vasco da Gama, em Salvador. O caso aconteceu na terça-feira (1º), foi filmado por clientes do estabelecimento e compartilhado nas redes sociais. Ninguém foi preso.
No vídeo, o programador full stack Eduardo Ramos aparece na fila, com um carrinho de compras, ao lado da noiva. Ele discute com um homem de camisa amarela, que está próximo da fila.
“Me chame de macaco de novo. Você está achando que está mexendo com criança? Como você chama uma pessoa de macaco na Bahia, em Salvador?”, afirmou.
O g1 entrou em contato com a vítima, que contou que a discussão foi motivada por causa da fila. A noiva de Eduardo esperava para ser atendida, quando o suspeito passou na frente.
“Esse rapaz chegou e parou na frente dela. Minha noiva disse para ele que ela já estava lá e eles começaram a discutir. Eu me aproximei e ele se alterou”, contou.
O programador disse que tentou finalizar a discussão e chegou a dizer para o suspeito que o “deixaria falando sozinho”. Porém, o suspeito teria ficado ainda mais irritado e dito diversos xingamentos. Eduardo rebateu e logo em seguida foi chamado de “macaco” três vezes.
“Várias pessoas se revoltaram, ele ficou rindo e debochando. Todos ligaram para a polícia, mas ela não apareceu”, relatou.
Ainda no vídeo, é possível ouvir outro cliente do estabelecimento confirmar que a vítima foi realmente chamada de “macaco” pelo suspeito. O g1 tenta contato com o suspeito.
Eduardo ainda afirmou que funcionários do supermercado o contiveram e tentaram levá-lo para outro lugar, para que ele “não perdesse a razão”. O suspeito saiu do local normalmente e, segundo ele, os funcionários contaram que só poderiam ter detido o suspeito caso houvesse alguma agressão física, que não foi o caso.
O programador ainda disse que ele, outros clientes e funcionários do mercado acionaram a PM através do 190. Ele esperou cerca de 1h, mas nenhuma viatura foi até o local.
Eduardo disse ter ligado pelo menos quatro vezes para o 190 e afirmou que, na última ligação, foi comunicado que nenhum dos outros chamados havia sido registrado.
Após o caso, ele foi até a delegacia e prestou um boletim de ocorrência. Em nota, a Polícia Civil informou que investiga a denúncia de injúria racial e que o suspeito já foi identificado.
“Me senti importante, porque eu recebi muitas mensagens dizendo que era para ter reagido, feito alguma coisa. Mas se eu tivesse reagido, provavelmente eu seria o acusado nessa situação”, disse.
Para Eduardo, se o suspeito estivesse armado, ele teria sido morto. “A partir do momento que foi indicado que o suspeito estava no local, era para uma viatura ter sido deslocada pelo menos para nos levar para a delegacia”, disse.
Também por meio de nota, a Assaí informou que um segurança do supermercado percebeu a discussão e separou os clientes. Disse ainda que acionou a Polícia Militar e reforçou que que está à disposição para contribuir com as investigações do caso.
Fonte G1 Bahia