Um levantamento do Ministério da Saúde revela um aumento alarmante nos atendimentos de crianças e adolescentes com transtornos de ansiedade no SUS entre 2014 e 2024. Nos últimos dez anos, os atendimentos para crianças de 10 a 14 anos aumentaram quase 2.500%, passando de 1.850 em 2014 para 24,3 mil em 2024. Entre adolescentes de 15 a 19 anos, o aumento foi ainda mais acentuado, com um crescimento de mais de 3.300%, de 1.534 atendimentos em 2014 para 53.514 em 2024.
Especialistas atribuem esse aumento à exposição prolongada a dispositivos eletrônicos. Segundo o pediatra e sanitarista Daniel Becker, o uso excessivo desses aparelhos tem duas principais consequências: a perda de atividades importantes como brincadeiras, esportes e interação social, e a exposição a conteúdos inadequados e nocivos fornecidos pelos algoritmos. Becker destaca que meninas são particularmente afetadas pela pressão estética imposta pelas redes sociais, o que pode levar à depressão.
O presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, Clóvis Francisco Constantino, alerta que o uso excessivo de telas também pode prejudicar o sono de crianças e adolescentes, agravando problemas emocionais. Ele ressalta a importância de equilibrar o uso de dispositivos, incentivando atividades ao ar livre, limitando o tempo de tela e aumentando o acompanhamento dos pais e cuidadores para proteger o bem-estar emocional dos jovens.
