Um ultramaratonista de Ilhéus, no sul da Bahia, denunciou a falta de remédios para esclerose múltipla pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade. Há mais de um mês, o baiano não recebe a medicação, que custa cerca de R$ 16 mil a caixa com 12 unidades.
A Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), responsável pela entrega do medicamento aos pacientes, informou que ele será entregue nesta sexta-feira (31) ao Núcleo Regional de Saúde de Ilhéus. Segundo a pasta, o atraso está relacionado ao repasse do Ministério da Saúde, que entrega as doses para as secretarias de Saúde de todo o Brasil.
Sem a disponibilidade do tratamento, Agenor Netto teme o agravamento dos sintomas que enfrenta há 14 anos, desde que foi diagnosticado. Nos últimos dias, o atleta precisou reduzir o ritmo dos treinos pra cuidar da saúde.
De acordo com a neurologista que acompanha Agenor, Daniela Ribeiro, o uso do medicamento é essencial para prevenir a evolução da doença e, consequentemente, novos surtos causados por ela.
“É uma doença em que existe uma produção de anticorpos do próprio paciente que vão destruir uma região muito importante do funcionamento do sistema nervoso, então podem ocorrer sintomas de movimento e sintomas visuais, por exemplo. Uma vez sem a medicação, o paciente perde essa proteção e corre o risco da doença evoluir”, contou.
Normalmente, o ultramaratonista costuma receber 12 seringas de betainterferona, medicação capaz de regular a resposta imunológica dos pacientes. O remédio deveria ser entregue todo mês pelo Núcleo Regional de Saúde de Ilhéus, o que não tem acontecido.
Sem o uso regular da medicação, Agenor já voltou a sentir sintomas como fadiga, formigamento, cansaço, falta de ar e fraqueza muscular.
“São sintomas que eu não tinha desde o diagnóstico, há 14 anos. Na ocasião, eu tive três surtos. A manifestação desses sintomas, que estavam controlados, me deixa muito preocupado”, contou.
Mesmo com os sintomas, o ultramaratonista tem se esforçado para manter os treinos leves. Ele pratica esportes há 10 anos, pois acredita que se manter ativo fisicamente o ajuda a ter uma melhor qualidade de vida com a doença.
Ultramaratonista lida com doença há 14 anos — Foto: TV Santa Cruz