Uma trabalhadora doméstica denunciou ter sofrido agressões e ameaças no apartamento onde trabalhava, no bairro do Rio Vermelho, emSalvador. O caso é investigado pela Polícia Civil.
O G1 tenta contato com a patroa suspeita de cometer o crime, mas não conseguiu até a última atualização desta reportagem.
Gleide das Graças Idalan de Jesus, de 53 anos, contou que não trabalhou na quinta-feira (16) por motivos de saúde. Na sexta (17), ao chegar no apartamento da patroa e vestir o uniforme, encontrou cerca de 300 talheres sujos espalhados pelo chão da cozinha.
“Ela [patroa] ficou na copa escondida e olhava, depois se aproximou e eu disse: ‘Bom dia, dona Mari, eu não vim ontem…’ e ela falou: ‘Não quero saber dos seus problemas, não quero saber de nada. Eu quero que você limpe os talheres, lave tudo e guarde, porque eu puxei a gaveta e caiu tudo ontem de noite [quinta].'”
“Ela começou a gritar, falar alto, porque eu faltei e eu disse: ‘Dona Mari, se acalme, não estou vendo motivo para isso”.
De acordo com a trabalhadora doméstica, a patroa chegou a dizer: “Eu estou pagando e você vai ter que fazer”. Em seguida, ela atendeu a ordem da mulher.
A doméstica afirmou que a mulher também pediu para que ela limpasse a porta do quarto filho, porque ela tinha quebrado um copo no local.
“Ela ainda disse: ‘Tem um copo quebrado na porta do quarto, quero que você limpe, porque eu meti o copo no meu filho”.
Mais pedidos e ameaças
Por causa da falta na quinta-feira, Gleide de Jesus teve R$ 200 descontado do salário. A ausência também fez com que a patroa aumentasse o número de tarefas que a trabalhadora doméstica tinha que fazer na sexta-feira.
Entre elas: limpar o cocô do cachorro da raça pitbull e se abaixar para passar óleo nas cadeiras e mesa da sala.
“Eu falei: ‘Dona Mari, eu não posso fazer isso tudo. Além da senhora tirar R$ 200 do meu salário, quer que eu me escravize aqui? Eu não aguento, estou com dor, não posso me abaixar'”.
A mulher teria retrucado: “Eu não quero saber, você tem que fazer tudo que eu mandar, porque estou te pagando. Até o seu horário acabar, você vai fazer tudo que eu mandar”, contou Gleide.
Patroa e trabalhadora doméstica teriam discutido. Na ocasião, a mulher teria jogado óleo de peroba no rosto de Gleide de Jesus, impedido a saída dela do imóvel e a “esmurrado” na área de serviço.
“Eu pedia calma e ela me batia. Eu comecei a chorar, perdi a voz e disse que ia chamar a mãe dela. Ela tentou tomar o celular, rachou meu aparelho e quebrou meu óculos”.
“Foram muitos murros e socos. Ela disse: ‘Olhe, eu vou te furar, vou te matar, antes que você mate minha mãe, eu vou te matar”, relatou.
Fuga
Gleide afirmou que a patroa foi na cozinha pegar uma faca. Nesse momento, ela teria se trancado no banheiro do imóvel para se proteger.
“Comecei a gritar por socorro e uma amiga minha falou: ‘Saia daí. O que foi Gleide?’. Pedi muita força a Deus, pensei em pular a janela, mas eu não cabia ali”.
A trabalhadora doméstica contou ainda que lembrou que tinha a chave do apartamento na bolsa. Ela conseguiu deixar o banheiro e fugiu.
“As vizinhas chamaram a polícia e me socorreram”.
A 7ª delegacia, do bairro do Rio Vermelho, onde o caso é investigado, expediu as guias para os exames periciais.
Fonte G1 Bahia