Moradores da localidade de Ilha de São João, na cidade de Simões Filho, Região Metropolitana de Salvador, somam prejuízos causados por uma inundação, depois que a Marinha do Brasil abriu as comportas de uma barragem, vizinha à comunidade.
Várias casas foram alagadas e animais peçonhentos, como cobras e ratos, além de pequenos jacarés, invadiram os imóveis na tentativa de fugir do intenso volume de águam que tomou a Travessa Amazonas. A Marinha informou, no entanto, que “a operação ocorreu sem anormalidades”.
O caso ocorreu no sábado (25) e os moradores alegam que não é a primeira vez que são prejudicados pela abertura das comportas da barragem da Marinha. A comunidade pede que as Forças Armadas emitam algum tipo de alerta, para que a população consiga evacuar as casas.
“Nós não somos avisados [da abertura das comportas], em hipótese alguma. A gente exige, a gente faz um apelo para qualquer órgão que seja responsável, para que botem sinalizações, façam um planejamento de evacuação dos moradores”, pediu o babalorixá Thiago Viana.
“Quando chove, ninguém dorme porque a gente não sabe o que vai acontecer. A gente fica à mercê da boa vontade da Marinha. Nós queremos que incluam os moradores nas decisões da barragem, porque são as nossas vidas”.
Terreiro atingido ficou destruído
O terreiro de Thiago foi um dos imóveis mais atingidos pelo volume de água da barragem. A situação ainda foi piorada porque, no momento da abertura das comportas, chovia em Simões Filho. A Marinha não comentou a situação das perdas materiais dos moradores.
“Nos deparamos com a forte enchente, forte mesmo, com a correnteza. Vários patos, galinhas, bodes, vários animais do terreiro ficaram assustados, correram riscos, porque tudo do terreiro foi destruído”, destacou o babalorixá.
“A cerca caiu, a cozinha do terreiro – que eu tinha acabado de construir – caiu, a fachada do terreiro foi no chão. E eu não tenho condições de reconstruir, não sei o que eu vou fazer agora. A comunidade está desesperada, porque tudo foi afetado, está tudo em lama. A água acabou com tudo”.
Outra moradora, que não teve identidade divulgada, também teve a casa invadida pela água e disse ainda que os prejuízos causados pela barragem são constantes.
“Entrou água muito forte, trazendo cobras para dentro de casa, ratos, fezes. Perdi areia, perdi material de construção que comprei, com maior sacrifício do mundo, para reformar a minha casa. A gente aqui só vive em reforma, porque a água a Marinha abre a barragem e a água vai levando nossas coisas. Eles não têm consideração, nos tratam como lixo”.
Fonte G1 Bahia