O Museu Casa do Sertão, espaço construído no Campus Universitário da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), completou no último mês 45 anos de sua fundação com o objetivo de valorizar a cultura sertaneja.
Consolidado como o principal espaço museológico do interior da Bahia, o Museu Casa do Sertão conta com a ampliação de um acervo de artistas e artesãos de Feira de Santana e da Bahia e acolhe a população e instituições educacionais, com oficinas e uma programação gratuita que atrai um público bastante diversificado, em busca de informações culturais e de apoio à pesquisa.
Atuando há cinco anos no órgão, Cristiano Cardoso, 46 anos, diretor e museólogo do Museu Casa do Sertão, explicou como funciona a parceria junto a Universidade Estadual e seu principal objetivo na valorização da cultura do homem do campo.
“O Museu Casa do Sertão é um espaço voltado para as artes e é aprazível no qual eu tenho o prazer de direcionar todas as minhas atenções nos últimos cinco anos. Ele foi criado para a valorização da cultura sertaneja, em parceria com a Uefs e o Cuca, e teve como seu primeiro diretor Raimundo Gama. Mas também tivemos Franklin Machado, Lúcia Cintra, Cristiano Oliveira e agora eu. Teve a ampliação dos espaços expositivos, aquisição de novos acervos, mas principalmente, valorização da cultura sertaneja e popular”, disse.
O que encontrar
Além de exposições de artistas da cidade e do estado, o Museu Casa do Sertão também possibilita a pesquisa da história de Feira de Santana a partir dos seus 4.916 exemplares localizados em sua biblioteca. De acordo com Cristiano, há uma preservação da memória do município a partir das expressões culturais, oficinas e arquivos encontrados no espaço.
“As pessoas podem encontrar, além de documentos, um acervo bibliográfico de grande importância, um acervo museológico e principalmente tomar contato de memórias que são preservadas neste espaço. Temos uma parceria com o Cuca, que é o Centro de Cultura e Arte no qual ministramos algumas oficinas voltadas para o público infantil, oficinas de fotografias que estão com as inscrições abertas, além do trabalho de incentivo à pesquisa. Aqui é um espaço de encantamento. Além de reavivar as nossas memórias, há possibilidades de contato a partir do olhar, das estéticas que é construída neste espaço que é voltado para valorizar as diferentes expressões culturais”.
Exposição Afro
Em comemoração aos seus 45 anos de fundação, o espaço também conta com uma exposição de artistas locais, a exemplo do Anexo “Lucas da Feira”, e a Exposição “Afrocentrada: Representação Feminina e Ancestralidade na Poética Visual de M. Graças”.
Nascida em 1956 em Castro Alves, Bahia, Maria das Graças Santana Oliveira, a “M. Graças”, mudou-se para Feira de Santana onde começou a produzir pequenos objetos de barro e mosaicos onde serão expostos no Museu Casa do Sertão a partir desta terça-feira, 11 de julho.
Em entrevista ao Acorda Cidade, M. Graças destacou a sua trajetória e matéria-prima utilizadas em suas obras.
“Fabrico cerâmica, mosaico e faço outros artesanatos. O mosaico faço com piso de cerâmica, originais, azulejos onde vou quebrando e vou criando desenhos. Já fiz a africana, objetivos reciclados, tudo o que eu vejo que dá para fazer arte, faço. Crio peças a partir da minha história, dos meus antepassados, são peças que retratam a amamentação, tudo feito com barro, que chamamos de argila e tudo é manual. Levo em média um mês, depende muito do material já que requer cuidado. Com o barro, podemos cobrir com um plástico e no outro dia está mole para finalizar. A venda é feita através de pessoas que veem meu trabalho e compram. Temos peças de R$200, R$300, depende muito da peça, do tempo que ela leva para ser produzida”.
Como visitar o Museu
Para quem tem o interesse em visitar o Museu Casa do Sertão, basta se dirigir ao espaço, localizado na Av. Transnordestina, BR-116, km 03, s/n – Novo Horizonte (ao lado da entrada da Uefs), de segunda a sexta, de 8h às 11h30 e de 14h às 17h30.
O diretor do Museu, Cristiano Cardoso reforça ainda o convite à toda população.“Neste momento em que celebramos estes 45 anos, fazemos um convite a população para que venha conferir as exposições com toda a família. O Museu Casa do Sertão é um espaço dinâmico de aprendizado. Nós nos colocamos à disposição da comunidade escolar para que aqui juntos possamos construir conhecimentos de diferentes possibilidades de diálogo, como saraus, oficinas, exposições. É um espaço que a gente constrói conhecimento em conjunto. Temos como desafio as atenções sobre as novas gerações, já que temos a internet, as redes de comunicação. Este é um espaço que é construído a partir da visitação. Um museu sem visitação não é uma instituição, é simplesmente um espaço de acúmulo de objetos. Precisamos da população neste espaço”, finalizou.
Fonte Acorda Cidade