Subiu para nove o número de denúncias de crimes sexuais contra o ginecologista Elziro Gonçalves de Oliveira, de 71 anos, em Salvador. Os casos são acompanhados pela Polícia Civil e Ministério Público da Bahia (MP-BA).
Até então, as mulheres que denunciaram casos de abusos contra o ginecologista, foram atendidas por ele no centro médico do plano Caixa Assistência dos Empregados do Baneb (Casseb). No entanto, a 8ª e a 9ª denúncia são de mãe e filha atendidas na clínica CAM, que fica no bairro do Itaigara, entre os anos de 2019 e 2022.
A mãe, que trabalha como dentista e tem 55 anos, disse que foi ao local para uma consulta de emergência após uma hemorragia.
“Ele queria fazer o exame… físico, eu falei: ‘Doutor, o senhor não está entendendo, eu estou com uma hemorragia intensa e o senhor não vai ver nada, não tem condições de fazer o exame”, relatou a dentista.
O profissional teria dito que não havia problema. A situação causou dúvidas na paciente.
“O senhor quer ver o que exatamente? O senhor quer ver o sangramento?”, questionou.
A filha da dentista teve a última consulta com o mesmo médico no início do ano passado. A comunicóloga de 24 anos relatou que sofreu abusos mais de uma vez.
“Em uma das consultas, percebi dois toques que me deixaram desconfortável, mas fiquei naquela negação de não, não, realmente não foi isso… não foi nada demais”, contou.
A comunicóloga contou que ginecologista fazia perguntas, assim como fez para as outras mulheres, sobre sexo anal, masturbação, que não tinham relação com o exame que ele realizava no momento.
No mesmo dia, a jovem diz ter denunciado o caso na ouvidoria da clínica.
“Eles me ligaram, falaram que: ‘Ah… que eles tinham investigado… que ele já era um médico antigo da casa, que esse não era o comportamento padrão dele”, contou a jovem.
“E aí só fizeram me oferecer uma consulta gratuita com qualquer outro médico como uma forma de… reparação pelo que tinha acontecido”, revelou.
O Conselho Regional de Medicina (Cremeb) recebeu três denúncias contra o ginecologista. Os processos seguem em sigilo.
A reportagem da TV Bahia tentou contato com advogado de Elziro Gonçalves de Oliveira. Por telefone, a secretária do profissional informou que, neste momento, não vai ter posicionamento sobre as denúncias.
A promotora de Justiça, Sara Gama, afirmou que acompanha as investigações da Polícia Civil, para coletar provas e ter elementos para oferecer denúncia.
“Essa situação aconteceu por se tratar de mulheres que vão até o profissional acreditando na credibilidade e acabam sofrendo uma violência sexual. A gente abriu o procedimento e acompanhamos junto com a polícia o desenrolar da coleta das provas”, explicou.
Em nota, o Casseb afirmou que uma comissão foi criada para investigar as acusações contra o médico e o resultado será entregue às autoridades.
O grupo CAM informou que tem canais de comunicação para escuta ativa e as denúncias são todas respondidas de forma sigilosa, diretamente ao paciente reclamante. Disse ainda que repudia veementemente toda forma de assédio ou conduta desrespeitosa ou inadequada.
Fonte G1 Bahia