Uma doadora de medula óssea da Alemanha salvou Isabela, uma menina brasileira do Rio de Janeiro, que teve a vida transformada graças à desconhecida. Após o transplante, a menina conseguiu conter uma doença rara, chamada linfohistiocitose hemofagocitica, uma síndrome de hiperativação imunológica.
Enquanto a família tentava doadores aqui no Brasil, os avós dela, que são da Alemanha, fizeram campanha no país europeu e, felizmente, conseguiram uma doadora compatível por lá.
A mulher doou a medula na Alemanha no dia 3 de janeiro de 2022. O material veio para o Brasil de avião e, no dia 5 de janeiro, Isabela fez seu segundo transplante. Agora, com 6 anos, Isa está reestabelecida e quer ir até a Alemanha para agradecer à doadora.
Isa passa bem
Segundo a mãe. Isabela, que completa 7 anos em dezembro, “está super bem” e já pode ir à escolar e sair normalmente.
A menina está refazendo todas as vacinações que havia feito antes dos transplantes. “Demorou para que as células de defesa dela ficassem fortes o suficiente para produzir anticorpos. Mesmo a medula nova funcionando, as células eram muito imaturas. Ela começou a fazer as vacinas de novo um ano depois do transplante e ainda está fazendo. Não terminou o esquema vacinal porque algumas vacinas só podem ser tomadas dois anos depois do transplante”.
A descoberta da doença
Em junho de 2020, durante a pandemia de covid-19, Isabela, então com 3 anos de idade, apresentou febre e lesões pelo corpo.
No começo de julho, veio o diagnóstico: tratava-se de linfohistiocitose hemofagocitica.
Segundo a mãe da menina, a médica Carolina Monteguti Feckinghaus, Isabela fez tratamento, mas a doença voltou e ela teve indicação de que precisava de um transplante de medula óssea.
Primeira doação foi do pai
Em setembro de 2020, Isabela começou a fazer quimioterapia. Os pais já estavam procurando um doador compatível no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).
Em fevereiro de 2021, a menina fez o primeiro transplante, com material do próprio pai, que tinha 50% de compatibilidade. Inicialmente, o transplante deu certo, disse Carolina à Agência Brasil.
A menina ficou sete meses bem, mas teve uma recidiva, lembrou a médica. Em outubro de 2021, Isabela voltou a fazer quimioterapia e entrou novamente no Redome, à procura de novo doador.
Quando descobriu a doença de Isabela, Carolina estava no fim da gestação da segunda filha. Foram feitos testes, mas a irmã não era compatível.
“Muita gente nos ajudou fazendo campanha, porque era preciso que as pessoas se inscrevessem, pois, até então, não tinha ninguém.”
Até que a doadora alemã surgiu e mudou o rumo dessa história.
Conhecer a doadora de medula óssea da Alemanha
O sonho de Carolina e da família agora é conseguir ir à Alemanha, conhecer a doadora para agradecer.
Mas, para isso, é preciso esperar um ano e meio após a cirurgia para pedir ao Redome a quebra de sigilo.
“Essa pessoa [doadora] também tem que querer. A gente está aguardando a resposta”.
A única coisa que Carolina sabe é que a doadora tem a sua idade: 39 anos.
Atualizar o cadastro
Você é doador de medula óssea? Se sim, já atualizou seu cadastro? Isso é necessário porque, como há uma comunicação em caso de compatibilidade e chances, é necessário que seus dados estejam em dia para salvar vidas.
O sistema cadastral é mantido pelo Ministério da Saúde, que verifica se o doador é compatível com o paciente.
As informações e os dados cadastrais do doador são enviados para o Redome (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea) vinculado ao Inca (Instituto Nacional do Câncer). O interessado em se tornar doador deve procurar o Hemocentro mais próximo de onde mora.
A doação de medula óssea
Em geral, os procedimentos para coleta da medula óssea em todo país são semelhantes.
No Hemocentro de Brasília, é feita apenas a coleta da amostra de sangue e o envio das informações cadastrais e genéticas do voluntário ao Redome.
A doação de fato e o transplante de medula óssea não ocorrem no Hemocentro, é preciso estar em um ambiente hospitalar indicado pela entidade.
Como é feita a coleta
Para coleta da medula óssea, o processo é feito, em geral, sob anestesia. A medula óssea é retirada do interior do osso da bacia, por meio de punções.
É preciso ficar em observação por cerca de 24 horas, no hospital.
O doador faz uso de uma medicação por cinco dias para aumentar a produção de células-tronco circulantes no seu sangue.
Em seguida, a doação é realizada por meio de uma máquina de aférese, que colhe o sangue por intermédio de duas veias do doador.
Em cada braço ou uma veia profunda são separadas as células-tronco e devolvidos os componentes do sangue, que não são necessários para o paciente.
É possível que o doador sinta náuseas, dormências, sensação de frio e hematoma no local do acesso.
Exigências para ser doador
Ter entre 18 e 35 anos, 8 meses e 29 dias de idade;
Estar em bom estado geral de saúde;
Não ter doença infecciosa ou incapacitante, como HIV/AIDS, câncer, doenças autoimunes, epilepsia, diabetes, asmas, hipertireoidismo, hipotireoidismo, dependência química e transtornos mentais.
Fonte Só Notícia Boa