Março é o mês dedicado à conscientização sobre a endometriose, doença inflamatória crônica que acomete uma em cada dez mulheres em idade fértil, segundo o Ministério da Saúde. O diagnóstico precoce da doença é um desafio, uma vez que a média de tempo entre o início dos sintomas e o diagnóstico definitivo é de sete anos, de acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Com várias implicações na saúde da paciente, a doença pode comprometer a qualidade de vida e causar quadros de ansiedade e depressão.
“A endometriose é uma condição ginecológica benigna e progressiva, associada a produção de hormônios femininos, principalmente o estrogênio, e acontece quando o tecido que reveste o útero (endométrio) cresce fora dele, atingindo órgãos do sistema reprodutivo. Em casos mais avançados, a doença pode atingir outros órgãos como intestino, bexiga, pulmão,” esclarece o ginecologista Airton Ribeiro, diretor médico da CAM. “É uma doença complexa, suas causas são desconhecidas, o diagnóstico nem sempre é simples, mas pode ser controlada”, acrescenta.
Embora as causas não sejam conhecidas, alguns fatores estão associados a um risco maior de desenvolvimento da patologia. Histórico familiar (mãe ou irmã), menarca precoce (inicio da menstruação muito cedo), dietas inflamatórias, não ter tido filhos ou malformações uterinas são alguns dos fatores de risco da doença.
Sintomas e complicações da doença
Os sintomas da endometriose dependem de cada caso, podendo ser assintomática ou causar dores intensas e outras complicações. “O diagnóstico precoce da endometriose é um grande desafio, pois a doença tanto pode ser assintomática como ter sintomas confundidos com sintomas comuns como TPM, por exemplo”, adverte Airton Ribeiro. “Muitas mulheres acometidas pela endometriose sentem cólicas intensas e tardam a buscar ajuda especializada por acreditarem que as dores são sintomas comuns. Por isso, a doença tem tantos diagnósticos tardios”, conta o especialista. “A informação é fundamental. É preciso valorizar os sintomas”, orienta.
Distensão abdominal, cólicas menstruais de forte intensidade, dor durante as relações sexuais, aumento do fluxo menstrual, dor para evacuar ou urinar, alterações do hábito intestinal (diarréia ou prisão de ventre) e infertilidade são alguns dos sintomas e complicações que podem acometer pacientes com endometriose.
“Os sintomas são muito individualizados e dependem do estágio da doença e da forma como ela se desenvolve em cada paciente. Nos casos mais graves, de endometriose profunda, a qualidade de vida da paciente pode ser seriamente comprometida”, afirma Airton Ribeiro.
Diagnóstico e tratamentos
O especialista ressalta a importância da consulta com um ginecologista para o diagnóstico precoce e a prevenção de complicações “Além da visita de rotina ao médico, é importante buscar ajuda especializada ao notar qualquer sintoma anormal”, orienta Airton Ribeiro.
Além do exame clínico, o ultrassom para pesquisa de endometriose e a ressonância magnética são os exames indicados para o diagnóstico da endometriose. “A investigação da endometriose deve ser realizada, de modo muito criterioso, para se ter um diagnóstico preciso”, ressalta o diretor médico da CAM.
O tratamento indicado depende do quadro clínico da paciente e da gravidade da doença, podendo ser feito com medicamentos anti-inflamatórios não esteroides para dor, terapia hormonal para suprimir a produção ovariana, cirurgia para remover as lesões e com a combinação destes tratamentos.
“Na menopausa, em função da queda da produção dos hormônios, a doença e seus sintomas tendem a regredir”, afirma Airton Ribeiro.
Bons hábitos podem reduzir sintomas
A atividade física regular, a fisioterapia pélvica, o sono de qualidade e as atividades relaxantes para controle do estresse também são aliados importantes para a redução dos sintomas da endometriose.
“Uma alimentação anti-inflamatória, rica em alimentos in natura (frutas, legumes e verduras), pode ajudar a controlar os sintomas da doença e o seu avanço”, afirma o médico. “É importante priorizar a comida de verdade, evitar os alimentos ultraprocessados e reduzir o consumo de carne vermelha e de bebidas alcoólicas”, finaliza.
Fonte Acorda Cidade