
Em celebração ao Dia Internacional da Mulher, o Museu de Arte Contemporânea Raimundo Oliveira (MAC) inaugurou, na noite desta sexta-feira (07), a exposição “Garganta”, da artista Simone Rasslan. A mostra oferece uma experiência imersiva e sensorial, convidando o público, especialmente as mulheres, a explorar a arte de maneira profunda e envolvente, enquanto reflete sobre os silenciamentos históricos que marcaram a luta feminina ao longo do tempo.
“A exposição tem três momentos”, explica Simone. “O primeiro é a abertura, com dois quadros que fazem uma comparação entre a anatomia da laringe e do útero, que possuem semelhanças. Um quadro mostra as asas fechadas e o outro, as asas abertas. A garganta pede para gritar. No segundo momento, a sala é composta por pedras e fios, que dificultam o caminho, representando os padrões e as histórias que ainda dificultam a liberdade da mulher. A terceira sala traz a minha forma de expressão, a pintura, com uma história que vem de outro lugar e que eu transformo na minha própria história”.
De acordo com Simone, o nome “Garganta” surgiu como a primeira palavra associada à ideia de dar voz às sensações provocadas pelo tema.
“Ao longo do ano passado, eu fiz uma vivência da raiva, um processo que envolveu a soltura da garganta, nossa necessidade de gritar e colocar para fora. As mulheres podem ter raiva, ela nos impulsiona, e podemos transformá-la em algo bom, em vez de criar uma doença ao manter esses sentimentos presos. A exposição revela a importância de gritar, falar e romper com o silenciamento que as mulheres enfrentam há tanto tempo. Temos o direito de gritar, de falar e de nos expressar”, afirma a artista.
A instalação conduz os visitantes por três ambientes que representam uma jornada de silenciamento e libertação. Cada sala propõe uma experiência única, levando o espectador a vivenciar, de maneira sensorial, o grito e a liberdade de expressão.
Georgia Pitombo, diretora do Departamento de Atividades Culturais da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer (Secel), ressaltou o diferencial trazido pela artista. “Simone trouxe um diferencial ao mostrar as mulheres se libertando. Há uma porta com chaves, representando a abertura do caminho para a coragem, para dizer ‘não’ e se libertar. Além disso, na última sala, um tecido branco enorme permite que as mulheres soltem a voz e se sintam livres”.
O secretário de Cultura da Secel, Cristiano Lôbo, destaca a importância da exposição na valorização do papel da mulher e na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. “Essa exposição demonstra a importância de olharmos com mais atenção para as mulheres. O trabalho magnífico de Simone traz uma reflexão profunda sobre o papel da mulher na sociedade, e a relevância dessas guerreiras, que tanto fizeram e fazem, mas continuam enfrentando dificuldades. A sociedade precisa reconhecer o papel fundamental das mulheres”.
O público, que compareceu em grande número ao lançamento, é convidado a entrar no espaço da obra, tocando, sentindo e vivenciando os silenciamentos representados pela exposição.
“Estou muito emocionada”, conta a visitante Juliana Vaz. “Desde o momento em que entrei no Museu e passei pelos espaços, mesmo sem entender o contexto, fui tocada. Depois de compreender o que cada espaço representava, fiquei ainda mais emocionada. Acredito que Simone conseguiu, de alguma forma, colocar a voz de muitas mulheres aqui”.
A curadoria da mostra é assinada por Josane Miranda. A exposição “Garganta” ficará aberta ao público até 23 de abril e marca também a retomada do funcionamento do MAC aos sábados, das 13h às 17h.
“Esta exposição fala muito e é importante que as pessoas venham ver, sentir e conferir cada material exposto aqui”, afirma Josman Lima, Chefe da Divisão de Artes Plásticas e Literatura. “O MAC é uma casa aberta, e muitas coisas boas acontecerão ao longo do ano. A partir de agora, estaremos funcionando também nas tardes de sábado”, completa.
.jpg)
.jpg)
.jpg)
.jpg)
.jpg)
Fotos: Jorge Magalhães