No próximo sábado (7), a partir das 7h da manhã, no estacionamento do Hospital da Mulher (Hospital Inácia Pinto dos Santos), será realizada a triagem para o Programa de Tratamento Cirúrgico da Gigantomastia (PROTG), que oferta gratuitamente cirurgia de redução de mamas gigantes. Poderão participar mulheres de Feira de Santana em situação de vulnerabilidade social e econômica, que possuem filhos e que se enquadrem nos requisitos médicos para a cirurgia.
É importante reforçar que a ação também atinge os distritos da cidade.
Ao Acorda Cidade, a diretora presidente da Fundação Hospitalar de Feira de Santana, Gilberte Lucas, explicou que a mamoplastia, que é a cirurgia que reduz as mamas, têm um programa específico com os pré-requisitos e que não é um procedimento estético e sim, uma questão de saúde, tanto física, quanto emocional.
“Eu me lembro de uma senhora que fez uma cirurgia com 59 anos e teve que aprender a andar de novo, porque foi retirado mais de 7kg de mama. Ela ficava para frente por causa do peso da mama e quando fez a cirurgia, ela não se equilibrava e caia, então ela teve que aprender a andar de novo”, contou.
A presidente cita outros casos, como uma paciente que só possuía uma mama gigante porque a outra foi retirada por causa de um câncer, outras que se utilizam de atadura para sustentar os seios, entre outras condições específicas.
O primeiro contato é a triagem. Nela é avaliado se a mama atinge a hipertrofia, que começa do 1º grau até o 5º, este último é aquela mama que invade a área abdominal e que pode até mesmo chegar na coxa. Esse é o grau específico para realizar a cirurgia e que se adequa a mamoplastia.
Porque o cadastro não pode ser online ou por email?
Para evitar problemas e dúvidas em relação a quem é selecionado para realizar a mamoplastia, é imprescindível que haja etapas presenciais, inclusive com a visita da equipe do serviço social.
“É uma campanha correta, com responsabilidade, nunca houve um problema de furar fila, por isso todas que entram em contato tem que passar pela triagem. Quando a gente faz uma triagem presencial, todas vão está lá, vão passar pelo doutor no dia, ele vai avaliar e aquelas que se enquadrem no grau cinco, já seguem para a segunda etapa”, afirmou Gilbert em entrevista ao Acorda Cidade.
Na segunda etapa, a equipe do serviço social vai até a casa do paciente confirmar a situação de vulnerabilidade econômica e se realmente a mulher é de Feira de Santana. Gilbert contou os motivos que somente mulheres da cidade podem realizar a cirurgia.
“Porque o recurso utilizado é 100% do município, todo o acompanhamento, pagamento de profissionais, os curativos pós ambulatórios, não temos pactuação com nenhum outro município e também a questão econômica social. Nessa visita a assistente social faz um relatório informando se o paciente está apto ao programa “, pontuou.
A terceira fase são os exames pré-operatórios e os resultados médicos para saber se a paciente tem condições de realizar a cirurgia. Gravidez e câncer são alguns exemplos que já deixaram algumas mulheres de fora, por conta do risco.
No dia da triagem é necessário levar comprovante de endereço, RG e CPF, cartão do SUS e informar telefone para contato.
O serviço totalmente gratuito nasceu há mais de 12 anos, somando mais de 300 pacientes. Para o cirurgião plástico que participa da ação, Dr. Cesar Kelly, o programa é motivo de orgulho para todo o país por ser o primeiro e único a realizar este serviço social de saúde para mulheres em situação de vulnerabilidade social.
Segundo o médico, em torno de 200 mulheres são avaliadas, tendo em média a seleção de 60 para a segunda fase. O doutor explicou que na Bahia, um estudo identificou que de 18% a 20% da população são acometidas pela gigantomastia, que é o tamanho exagerado das mamas, dessas, 40% são de mamas gigantes extremas.
“Estou me referindo há mamas que passam do tamanho de grande, para gigante. Geralmente são mamas que se aproximam da área do umbigo. Esse exagero de peso, traz consequências físicas, vão ter pacientes com alteração na coluna, nos ombros, na locomoção, essa dor que causa dor no músculo esquelético, faz com que ela sejam limitadas em sua vida, pessoal, familiar e sexual porque obviamente afeta a imagem, elas perdem a dignidade com mulheres, muitas viram motivos de chacota” relatou.
Segundo o doutor, em média são retirados 4kg de mamas em cada paciente, mas já houve casos que retiraram 9,5kg. Do ponto de vista do médico, a questão da afrodescendência, da influência hormonal e do números de filhos são algumas predisposições para o surgimento do problema.
Ainda segundo Gilbert, muitos relatos emocionantes surgem ao longo do processo. Além dos problemas físicos, muitas mulheres passam por problemas psicológicos, de baixa autoestima, algumas contam que há anos não saem de casa, que se separaram, que nunca foram a uma praia. Durante o programa, uma mulher que foi operada pelo médico em 2019, encaminhou seu relato.
“É um excelente profissional, tirou 4kg de mama, meu ombro já era fundo, meu sutiã era caríssimo, eu sofria com muitas dores na coluna”, declarou.
Vale ressaltar que o programa é exclusivamente para pacientes que já tiveram filhos, pois durante a cirurgia boa parte da mama é retirada e a paciente acaba perdendo a sensibilidade e a função mamária. O médico explica que alguns casos são abertos à exceção.
“Pessoas maiores de 40 anos, que não vão ter mais filhos, algumas meninas de 20, 21 anos que têm problemas mentais, que obviamente não terão filhos e algumas que através de cartório, manifestaram e deixaram por escrito que não terão filhos no decorrer da vida”, disse Dr. Cesar Kelly em entrevista ao Acorda Cidade.
Serviço:
Triagem para cirurgia de Mamoplastia no Hospital da Mulher
Quando: 7 de outubro (sábado), a partir das 7h
Onde: Estacionamento do Hospital da Mulher
Documentos necessários: RG, CPF, COMPROVANTE DE RESIDÊNCIA, CARTÃO DO SUS E TELEFONE PARA CONTATO
Fonte Acorda Cidade