A Polícia Militar de Feira de Santana apreendeu um automóvel branco que pode ser o mesmo que estava sendo usado em homicídios e práticas de outros crimes no município.
A informação foi passada pelo coronel Antônio Lopes, comandante do Comando de Policiamento Regional Leste (CPR-L), em entrevista ao Acorda Cidade nesta quarta-feira (27). Ele informou que o veículo já foi apresentado à Polícia Civil, que está à frente das investigações.
O delegado Yves Correia, coordenador regional da Polícia Civil (1ª Coorpin), informou que o referido veículo foi encaminhado para perícia no Departamento de Polícia Técnica (DPT), onde cápsulas de munições encontradas no interior do carro serão examinadas.
Ele explica que essa análise é crucial para futuras investigações, uma vez que pode fornecer evidências relacionadas a crimes de homicídio e latrocínio.
“Teve um carro específico que a gente identificou cápsulas de munições dentro deste carro, então, até com cuidado, a gente pediu que o guincho levasse para ninguém tentar de algum modo, contaminar a cena pois a perícia pode buscar algum elemento ali para materializar este crime de homicídio ou de latrocínio em Feira de Santana que estão cometendo. Então a gente fez a guia pericial para justamente colher essas cápsulas para uma futura microcomparação balística que é extremamente relevante essa prova material do homicídio”, informou o delegado ao Acorda Cidade.
Segundo Yves, o condutor do veículo ainda não foi identificado. Além disso, estes carros usados pelos criminosos são clonados, com placas vinculadas a proprietários de outros estados, como São Paulo e Rio de Janeiro. Essa tática visa dificultar a identificação dos envolvidos nos crimes.
“A gente está percebendo que esses indivíduos estão utilizando os carros chamados ‘pocs’, aqueles carros clonados, então, são carros quando você puxa a placa, são carros que tem proprietário, que tem dono pela placa, mas quando a gente vai ver o proprietário é de São Paulo, Rio de Janeiro, enfim, de outro estado que não tem absolutamente nada a ver aqui com a Bahia e com Feira de Santana. Eles clonam estes carros e vão para as ruas para praticar delitos, mas mesmo assim, estamos monitorando e conseguindo de algum modo identificar e chegar a estes carros”, disse.
Denúncias: colaboração da Comunidade pelo 181
O coordenador destacou que a comunidade de Feira de Santana tem desempenhado um papel importante na luta contra o crime, fornecendo informações valiosas às autoridades. Deste modo, ele reforçou a importância do Disque-Denúncia (181) e agradeceu à população pelo apoio.
“Toda informação que tiverem, podem nos passar que a gente está monitorando, a gente está levantando e de algum modo produzindo relatórios da inteligência de investigação para justamente pleitear junto ao Poder Judiciário e ao Ministério Público as cautelares para colocarmos estes indivíduos na prisão.”
Guerra entre organizações criminosas e milícias
O delegado Yves Correia também comentou sobre a rivalidade entre organizações criminosas na cidade, que tem sido uma das principais causas dos crimes violentos.
Ele mencionou que muitos líderes dessas organizações estão soltos e envolvidos em disputas territoriais pelo controle do tráfico de drogas, milícias e usam capuzes para não serem reconhecidos por testemunhas ou vítimas sobreviventes de seus ataques.
“A gente percebe que quando os indivíduos atuam com capuz, denota-se que tem aí por trás um conhecimento sobre quem seriam aqueles autores, então. A gente também investiga não só as linhas de tráfico de drogas, como também milícias atuando também aqui na cidade de Feira de Santana, que não é exclusivo daqui, como Salvador, Camaçari, todos os lugares a gente percebe que tem. Por outro lado, a gente sabe que a maioria sim dos homicídios aqui em Feira de Santana, 90% eu diria ou até mais, é em decorrência da guerra do tráfico de drogas” afirmou o delegado ao Acorda Cidade.
Ele disse também que, conforme informações obtidas através dos serviços de inteligência da polícia, vários líderes do tráfico de drogas estão soltos e disputando pontos de tráficos, mas poderão ser presos a qualquer momento.
Adolescentes no tráfico de Drogas
Uma preocupação adicional às polícias Civil e Militar é o envolvimento de adolescentes no tráfico de drogas e em homicídios na cidade. O delegado explicou que esse é um problema crescente que requer uma abordagem específica. Muitos jovens estão sendo assassinados por conta destes envolvimentos.
Resposta para sociedade
Como resposta à sociedade no que diz respeito ao combate a criminalidade, os moradores de Feira de Santana já percebem uma presença policial maior nas ruas. As autoridades destacam que as forças policiais têm trabalhado em conjunto para identificar e prender os responsáveis pelos crimes violentos.
“Eu digo sempre que é importante destacar, que é um mês com muitas prisões, com muitas operações. Nós temos excelentes investigadores, delegados, escrivães aqui e nós estamos operacionalizando as equipes para justamente dar a resposta, mas o que é que a gente percebe? Operacionaliza em um local, enfraquece em outro e os indivíduos por incrível que pareça tentam invadir aquele local para tomar aquela boca, então, é um problema cíclico que você tem que trabalhar e tentar harmonizar até nisso. Se eu for operar neste local, já tenho que pensar quem vai invadir aquele local para já operacionalizar também o outro, porque senão acaba ocorrendo o que a gente chama de dissonância de ecossistema criminal”, concluiu.
Reuniões entre as polícias Militar e Civil
O comandante do CPR-L, coronel PM Lopes, informou que estão ocorrendo várias reuniões entre a Polícia Militar e a Polícia Civil para trocarem informações sobre os suspeitos de praticar Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs), em Feira de Santana. Estes crimes tratam-se de homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de mortes.
Questionado sobre o progresso na identificação dos responsáveis, o coronel explicou que já estão obtendo resultados. Ele enfatizou que, embora o trabalho seja contínuo, as polícias militar e civil estão alinhadas em suas ações para aumentar a presença policial e identificar os envolvidos.
O Coronel destacou que as polícias não estão inertes diante da situação. Mencionou que o mês de setembro registrou um número significativo de prisões e apreensões de armas de fogo em Feira de Santana, superando os números de 2022.
“Eu gosto sempre de dizer, que a Polícia Militar e a Polícia Civil não estão paradas, se nós pegarmos a nossa produção, nós temos o número grande de prisões neste mês de setembro, nós tivemos um grande número de apreensões de arma de fogo aqui em Feira de Santana, superior ao ano de 2022. Então as polícias não estão paradas, as polícias estão trabalhando diariamente aqui na cidade de Feira de Santana”, afirmou.
Sobre a aparente rivalidade entre organizações criminosas na cidade, o Coronel confirmou essa realidade. Ele explicou que alguns indivíduos que pertenciam a uma associação criminosa migraram para outras, resultando em conflitos e confrontos.
“Alguns elementos que estavam em uma associação criminosa, foram para outras associações criminosas, então, houve uma rivalidade, uma briga entre eles, é o que é que está acontecendo aqui em nossa cidade.”
Reforço policial
Quanto ao reforço policial, o Coronel PM Lopes ressaltou em entrevista ao Acorda Cidade, que tanto a Polícia Militar quanto a Polícia Civil têm trazido agentes de outras cidades, como Vitória da Conquista, Salvador e Alagoinhas, para intensificar a segurança em Feira de Santana. Ele destacou que esse é um esforço de inteligência e paciência para identificar e prender os envolvidos.
“Estamos colocando 25% de guarnição a mais na cidade de Feira de Santana, nós diariamente colocamos 35 viaturas, hoje nós estamos elevando para 45 viaturas aqui em Feira de Santana. Nós estamos trazendo os policiais de Vitória da Conquista, de Salvador, de Alagoinhas para trabalhar aqui em Feira de Santana, porque a Polícia Militar é única, a polícia é no estado da Bahia”, afirmou.
Fonte Acorda Cidade