A crise causada pela pandemia da covid-19, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia e a alta demanda por medicamentos nesta época do ano são alguns dos motivos para o vazio nas prateleiras.
Há um relato frequente que nos últimos dias várias pessoas estão encontrando dificuldades quando buscam determinados medicamentos. Essa falta não é mero acaso. Ela tem a ver com um problema de desabastecimento que vem afetando todo o país desde o início de 2022.
Segundo Isaac Lima, empresário da rede de farmácias Mega Descontão, a crise afeta até mesmo remédios comuns que muitas vezes grande parte da população tinha em casa.
“A gente nunca teve uma falta tão grande e tão intensa como a gente teve agora na classe farmacêutica, tanto na indústria quanto na farmácia comercial e isso impacta muito no dia a dia porque são produtos comuns, como Amoxilina, Azitromicina, produto simples de uso comum do dia a dia, a dipirona líquida, que é um produto que geralmente todo brasileiro tem em casa, a gente não tem e não tem como comprar porque o fornecedor não tem como fornecer. Então a gente vem passando por problema muito grande, principalmente na parte infantil onde a demanda está sendo muito maior, porque adulto até que consegue substituir algumas coisas, mas na linha infantil realmente não tem não tem como substituir de forma tão simples porque são mais sensíveis.”
O Conselho Federal de Farmácias listou mais de 40 medicamentos em falta. Isaac destaca entre eles, dipironas, tylenol baby e amoxicilina com clavulanato.
“Amoxilina líquida, amoxilina com clavulanato infantil, amoxilina comprimido, tylenol baby que é um produto muito usado para crianças e diversos outros itens, basicamente da linha infantil eu posso te citar pelo menos doze xaropes que não tem hoje no mercado e o que tem o número é muito pequeno, acaba com dois dias, porque chega seiscentas mil unidade e o número é tão alto que em dois, três dias o mercado fica sabendo, a mãe que não tem em casa compra pra guardar, enfim não está suprindo.”
Na tentativa de contornar a situação, o Ministério da Saúde aprovou a suspensão do teto de preços até o final de 2022 para alguns medicamentos em falta. Issac afirma que se a situação não melhorar as farmácias terão que limitar o número de vendas.
“A gente não consegue reajustar o preço, porque o preço vem subindo muito pra gente por conta da falta, basicamente se não tem no mercado, quem tem começa a subir, então os fornecedores e laboratórios começam a reajustar o preço, mas independente do preço hoje eu vejo que o problema mesmo é falta. Se continuar dessa forma a gente vai ter que começar a limitar o número de vendas, porque realmente está muito complicado o cenário.”
O empresário aponta que as principais causas dessa escassez são externas: a alta do dólar, a instabilidade pela guerra na Ucrânia e o abre e fecha por causa da Covid na China, principal fornecedora de matéria-prima para medicamentos e embalagens.
“São vários fatores, a gente pode falar da questão da guerra, da pandemia, apesar de que no período mais crítico da pandemia a gente não teve tanta falta quanto agora, a gente teve uma falta muito grande de Ivermectina que foi um produto que o pessoal começou a usar discriminadamente, mas os outros produtos a gente não teve tanta falta e isso acabou que impactou nos fabricantes porque eles não se programaram pra a demanda que teriam em 2022 e o preço dos produtos subiram muito, a maioria da matéria prima vem da Índia e da China e a maioria dos portos estão tendo problema com essa questão da guerra da Ucrânia, então eles justificam que isso tá impactando muito e onerando muito o preço, porque se o produto vinha de navio, está vindo de avião, então o preço que era pra vim no navio é um e hoje pra você trazer de avião é outro e mesmo assim não tem, porque a gente tem alguns produtos que eram fabricados de forma muito mais rápida e hoje com essa questão toda de petróleo, de guerra, acaba que fica um pouco recuado sem saber se segura pra vender, se vende depois, então é é uma questão que vem sendo muito muito delicada pra ser analisado.”
A previsão é a situação se normalize totalmente em 2023.
“Eu acho que esse ano o nosso panorama até dezembro é de uma falta muito alta e provavelmente eu acredito que depois de fevereiro do ano que vem começa a se normalizar, porque a programação do fabricante, das indústrias, acreditando que logo a guerra termine, por conta dos itens que acabam deixando o preço do nosso produto mais caro e o fabricante também às vezes não compra, esperando que tenha um arrebate, então acredito que este ano a gente não vai ter mais melhora.” Afirma Issac.