Uma família denuncia a equipe médica da Maternidade Maria da Conceição Jesus, no bairro de Periperi, subúrbio de Salvador, de negligência médica, após uma mulher grávida dar entrada na unidade e perder o bebê ao ser liberada depois do atendimento.
Franciely Rodrigues seria mãe pela segunda vez. Ela tem um filho de 7 anos, fruto de um relacionamento anterior, e este seria o primeiro filho com o atual marido.
Segundo Bruno Araújo, pai do bebê, no dia 3 de outubro, a companheira dele, estava com 40 semanas de gestação e foi para a maternidade porque sentia dores e o bebê se mexia muito.
“A doutora fez o exame de toque e disse que ainda não tinha dilatação e estava tudo bem. Ela disse que a gente podia ir para casa, mas questionamos. Perguntei por quê não iria fazer um ultrassom e ela disse que o exame cardiotocografia era melhor”, afirmou o pai.
O pai do bebê disse que, no dia seguinte, Franciele fez uma consulta de pré-natal e, durante o exame, foi constatado que o coração da criança não batia. Eles decidiram, então, voltar para a maternidade.
“Eu falei que a mãe estava com dores e ainda ficaram fazendo várias perguntas. Questionei a equipe médica do que poderia ter acontecido e falaram que a placenta não estava deslocada, não havia cordão umbilical no pescoço do bebê, o que encontraram foi pouco líquido amniótico. Falaram que isso poderia ter sido visto no ultrassom no dia anterior”.
O pai do bebê ainda disse o primeiro filho seria como um presente de aniversário, data celebrada dias antes. O corpo do criança foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) para passar por necropsia e ainda não foi sepultado.
O diretor médico da Maternidade Maria da Conceição Jesus, Amado Nizarala, disse, em entrevista à TV Bahia, que a unidade está triste com o ocorrido e se solidariza com a dor dos pais do bebê.
Ele disse que Franciely deu entrada na unidade com contrações sem muita intensidade e fora do trabalho de parto.
“Ela relatou uma dor de grau 3, de 0 a 10, que é uma dor normal para o fim da gestação. Ela foi examinada e foi confirmado que o colo estava fechado. Foi realizada uma cardiotocografia, que examina o coração do bebê, e ele deu normal. Ela estava com contrações de 20 em 20 minutos e não estava em trabalho de parto”.
Segundo Amado Nizarala, Franciely foi orientada a retornar se aumentasse as dores ou quando completasse 41 semanas de gestação.
“Era uma gravidez de baixo risco, mas isso não significa que essas coisas podem acontecer. Não existia uma indicação formal para o parto. Ela tinha uma cesariana de uma gravidez anterior e poderia fazer novamente, mas com 41 semanas”, explicou o diretor médico.
Através de uma nota, a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) informou que após passar por consulta e exames, Franciely foi liberada porque parâmetros indicavam normalidade na saúde do feto. Disse ainda que todos os procedimentos adotados foram explicados à paciente.
Procurada pela TV Bahia, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) lamentou o ocorrido e informou que foram cumpridos todos os cuidados relacionados à assistência pré-natal de Fanciely Rodrigues Cerqueira.
Nota da Secretaria Municipal de Saúde
“A Secretaria Municipal da Saúde lamenta o ocorrido e informa que todos os cuidados relacionados à assistência pré-natal, seguindo as normativas vigentes foram realizados no acompanhamento da Senhora Franciely Rodrigues Cerqueira. Seguindo a rotina dos protocolos e fluxos de serviços vigentes, no último dia 04 de outubro, esteve na consulta pré-natal de rotina e devido ao quadro apresentado, foi encaminhada com ficha de referência para avaliação obstétrica de emergência na maternidade de referência do território.
Vale salientar que a SMS está disponível para demais esclarecimentos a família e se solidariza.”
Fonte G1 Bahia