As buscas pelo homem suspeito de manter a sobrinha em cárcere privado em Jucuruçu, no extremo sul, completam quatro dias nesta segunda-feira (23). Em nota oficial, a Polícia Civil do Espírito Santo afirma que está à frente do cerco para localizar o suspeito. O nome e a foto dele foram compartilhados com as forças de segurança da Bahia.
A jovem de 25 anos, que não teve nome divulgado, foi libertada após uma campana montada por equipes da Polícia do Espírito Santo (PC-ES), na quinta-feira (19). Ela estava em um imóvel, em uma área de difícil acesso no pequeno município, que tem quase 9 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A procura pelo foragido tem um impasse:
👉A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) afirmou ao g1 que as forças policiais precisam atuar de forma integrada em territórios limítrofes, como é o caso de Espírito Santo e Bahia. Entretanto, a pasta não detalha se as polícias estaduais estão atuando nas buscas.
👉 A PC-ES diz que conta com apoio da Polícia Militar da Bahia (PM-BA), que foi procurada pelo g1 e não respondeu aos contatos para confirmar participação nas ações.
👉 A Polícia Civil da Bahia (PC-BA) também não confirmou apoio nas buscas e sugeriu ao g1 que procure a Assessoria de Comunicação da Policia Civil daquele estado, o que foi feito.
A Polícia Civil do ES pede que qualquer informação sobre o paradeiro do foragido pode ser comunicada, de forma sigilosa, através do Disque Denúncia 181 ou pelo site Disque Denúncia Espírito Santo, onde podem também ser anexadas imagens e vídeos.
Relembre o caso
A jovem foi vista pela última vez em 2015, em Rio Bananal, onde morava com a família. Na época, o pai denunciou o desaparecimento à polícia e ao Ministério Público do Espírito Santo, mas ela não foi localizada.
A vítima conseguiu contatar familiares recentemente pelas redes sociais, depois que recebeu um celular do homem, no início deste ano.
Acompanhados pelo pai da vítima, policiais civis seguiram de Rio Bananal, no norte do Espírito Santo, com destino à Jucuruçu, um trajeto de 450 km de distância. As equipes montaram campanas, cercaram a área na noite de quinta-feira (19) e localizaram o suspeito na manhã de sexta-feira (20). No entanto, ele conseguiu fugir.
Um vídeo gravado pela polícia capixaba mostra o momento emocionante do reencontro da vítima com o pai após o resgate.
Em entrevista ao Jornal Nacional, o delegado Fabrício Lucindo, da 16ª Delegacia Regional de Linhares, no Espírito Santo, disse que “o criminoso conseguiu fugir porque ele avistou de longe as viaturas e os policiais chegando”. “Ele saiu correndo, pulando cerca de arame farpado e nós corremos atrás dele também, porém, ele entrou numa mata”.
“O criminoso conhecia muito bem a área e, apesar de ser perseguido pelos policiais por um longo período, conseguiu evadir. Continuamos as buscas para capturá-lo”, justificou .
Na casa, a polícia encontrou espingardas de fabricação caseira, além de munições e documentos falsos. O material foi apreendido.
As investigações apontam que o tio mudou de endereço várias vezes e morou em, pelo menos, três cidades diferentes para dificultar o trabalho da polícia. Tio e sobrinha viajavam apenas de carro, nunca de ônibus.
“Ele a vigiava o tempo todo e nunca permitiu que ela frequentasse a escola. A vida dela era completamente controlada por ele. A vítima passou por vários locais, incluindo a capital [do ES] Vitória, onde viveu por três anos, antes de ser levada para Jucuruçu. Durante todo o tempo, ela foi obrigada a trabalhar na roça e recebia apenas R$ 100,00 por mês”, afirmou o delegado Fabrício Lucindo, acrescentando que antes de chegar em Jucurçu, aos 18 anos, ela viveu em outra cidade do extremo sul baiano: Teixeira de Freitas.
De acordo com os autos do Ministério Público do Espírito Santo (MP-ES), o tio passou a coagir a vítima em 2014, quando ainda residiam no município de Rio Bananal. Ele cometeu o primeiro abuso sexual contra ela ao descobrir que a garota “tinha paqueras” na escola.
Ela relatou que foi sequestrada pelo suspeito em 2015, sofreu abusos sexuais constantes e era mantida trancada e sob ameaça de morte, inclusive contra seus familiares, caso tentasse escapar. Durante todo o tempo em que foi mantida em cativeiro, a jovem sofreu diversas agressões físicas e verbais, e chegou até a engravidar do tio, mas o bebê morreu 21 dias após o nascimento.
Agora, a família pretende buscar ajuda psicológica para recomeçar a vida.
“Ela está muito abalada, está sofrendo psicologicamente, muito deprimida. Vamos tentar buscar algum tratamento para ela e pra gente também. Tem que dar um jeito de prender esse cara, se não a gente não vai ter sossego. Um cara que faz uma coisa dessas com a sobrinha, não é homem. Queremos justiça”, pontuou o pai, que não quis ser identificado.
Fonte G1 Bahia