Com o objetivo de promover a integração entre as forças militares e civis em casos de desastres, será realizado entre os dias 23 e 26 de agosto em Feira de Santana, o IV Congresso Internacional de Desastres em Massa (Cidem).
O simulado de acidente em massa, que destaca o tema “Desastres com Inundações, Acidentes com Barragens e Produtos Perigosos”, proporcionará aos profissionais, acadêmicos e pesquisadores da área, a experiência no combate e prevenção de emergências, desastres, múltiplas vítimas, perícias em locais de desastres, métodos de identificação humana em desastres ou gerenciamento de desastres.
A última edição realizada em Feira de Santana ocorreu em 2018 e contou com a presença de 3 mil profissionais, incluindo policiais militares, policiais civis, corpo de bombeiros e a população em geral. Este ano, estima-se uma participação de cerca de 5 mil pessoas, incluindo profissionais de 20 estados do país.
Em entrevista ao Acorda Cidade, o professor Jeidson Antônio Marques, mestre, doutor e pós-doutor em Odontologia Forense e um dos idealizadores do simulado, explicou que o Cidem surgiu no ano de 2014 em Feira de Santana em virtude da Copa do Mundo, com o objetivo de preparar os órgãos para eventuais acontecimentos como desastres em grande público.
“O projeto Cidem teve início em 2014, na época em que o país começou a se programar para a Copa do Mundo e Olimpíadas. E como o foco internacional foi para o Brasil, criou-se essa preparação para grandes eventos. Em Feira de Santana, na Uefs, lançamos o projeto de desastres tentando contribuir também com a integração das forças que agem em situação de desastres. Cada força dessa, seja os Bombeiros, o Samu, eles sabem o que fazer diante do seu treinamento, da sua orientação. No entanto, quando se fala em desastres, eles precisam estar integrados para atuarem de forma conjunta e efetiva salvando mais vidas, mais patrimônios, esse é o objetivo. Já fizemos quatro edições, 2014, 2015 e em 2018. Fizemos em Salvador uma vez, a convite do governo do estado para os jogos olímpicos, na Arena Fonte Nova e estamos retornando a Feira de Santana, o projeto é de Feira e continuará sendo em Feira”, frisou.
Além dos temas de desastres envolvendo acidentes com barragens no país e no estado, uma outra abordagem que será realizada no Cidem deste ano, será a evacuação e prevenção de acidentes e ameaças envolvendo escolas de ensino infantil.
“Vamos construir um cenário de lama, de inundação e vamos assistir e cooperar na atuação de toda equipe de resgate na situação que já aconteceu em todo o país e também na Bahia. Vamos mostrar a dificuldade, o resgate, o comportamento da imprensa, dos curiosos. É um momento muito realista. Precisamos discutir a preparação de como lidar com esses meios para que até os curiosos não se arrisquem ou não se machuquem em eventos como esse. É um risco a todo momento, explosão de veículos de produtos inflamáveis, nas estradas, postos de gasolina, lidamos com isso e vamos tratar também. Além disso, teremos uma outra abordagem que é a violência nas escolas e evacuação de como as crianças e alunos devem se comportar diante de um caos”, disse Jeidson.
Parcerias
O Cidem, Congresso Internacional de Desastres, pela sua notoriedade e extensão em todo o mundo, é um projeto sem fins lucrativos e que necessita da parceria de setores públicos e privados para que haja uma maior dimensão. De acordo com o professor Jeidson Antônio, a inclusão de empresas de Feira de Santana é de suma importância para que o evento continue a ser realizado no município.
“É um projeto sem fins lucrativos, de extensão da Uefs e existe uma grande mobilização. Para se fazer um grande evento como esse, necessitamos de parcerias. Em todo o mundo, somente nós tivemos condições de fazer um evento como esse. O último que fizemos contou com 3500 pessoas e na Uefs, no próximo mês, envolverá toda a Uefs, pousarão helicópteros em vários lugares, viaturas e ambulâncias em todo o campus. Mobilizamos uma multidão de militares, civis e outras pessoas que vem de vários estados para acompanhar. Já temos a confirmação de cerca de 18 estados. Bombeiros, Policiais Militares, Peritos e Polícia Civil. A expectativa é que 20 estados participem de quatro a cinco mil pessoas. Serão mil vítimas, é uma coisa muito grande. O nosso evento funciona com a disponibilidade entre parceiros de áreas do município que podem montar stands, também pessoas que podem se inscrever no evento e receberem certificados”.
Corpo de Bombeiros
O Corpo de Bombeiros, lotado para dar assistência as vítimas, também participará ativamente do simulado com um grande efetivo. O Coronel Antônio Júlio Nascimento, do Corpo de Bombeiros da Bahia, destacou a sua função em todo o processo e a relevância do órgão para eventuais tragédias.
“Temos uma participação bastante preponderante em função do tipo do evento. É um evento muito característico do ponto de vista operacional que é o resgate das vítimas. Toda vez em que ocorre um evento como esse, como aconteceu em Mariana, em Brumadinho, a atuação é muito grande do Corpo de Bombeiros. Para se ter uma ideia, até hoje os bombeiros atuam em Brumadinho no objetivo de encontrar pedaços de corpos. Estamos na construção do processo, do evento, mas teremos bastante bombeiros presentes dentro da área específica. São áreas de atuação, como quente, morna e fria. Quando se fala de área quente, é quando estamos no ponto mais crítico de um desastre, existe um risco grande de acidentes com mais pessoas, por isso que muitas vezes falamos que só entra no ambiente a equipe de resgate. As áreas mornas e frias são onde ficam os atendimentos das vítimas, o atendimento médico que dará as vítimas os destinos finais que são os hospitais. Vamos manter um controle para informar a população que lá estiver o que deve ser feito em um desastre, chamar as autoridades presentes e se puder, até fazer o isolamento da área”, concluiu.
Participação do público
As inscrições para quem tem o desejo de participar do evento e contribuir com o simulado podem ser realizadas através do site https://www.projetocidem.com/ivcidem.
Fonte Acorda Cidade