O julgamento do homem investigado por matar a corretora de imóveis Janaína Silva de Oliveira, em Salvador, em 2017, estava marcado para esta quarta-feira (17) e foi adiado para 3 de julho deste ano. Segundo a filha da vítima, Priscila Gama, Aidilson Viana de Sousa segue solto quase cinco anos após o crime. Ele responde em liberdade.
“É uma vergonha isso aí”
“Ele tem mais oportunidades de curtir a vida do que eu. Ele pode viver, um réu confesso tem mais credibilidade do que uma pessoa que luta pela justiça”, disse a administradora Priscila Gama.
De acordo com a família de Janaína de Oliveira, a justificativa da Justiça foi que a defesa de Aidilson Viana de Sousa alegou a falta do laudo pericial do acusado no processo. Os advogados da vítima afirmam que o documento estava presente.
O g1 entrou em contato com o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) para entender o motivo do adiamento do julgamento, mas não foi respondido até a última atualização desta reportagem. Nas matérias sobre os outros adiamentos, o órgão informou que por se tratar de crime de feminicídio, o processo tramita em segredo de Justiça.
A última vez que o julgamento de Aidilson Viana de Sousa foi adiado foi em 10 de outubro de 2022. Com a justificativa de que um dos advogados do acusado tinha morrido, o júri foi remarcado para esta quarta.
Anteriormente, a data do julgamento já tinha sido alterada porque houve o acusado trocou os advogados e a defesa pediu tempo para analisar o processo.
Janaína foi encontrada morta no dia 10 de novembro de 2017, dentro do apartamento onde morava com Aidilson, no bairro do Barbalho, na capital baiana. A vítima foi achada pela irmã e pela filha Priscila, na época com 27 anos (fruto de outro relacionamento).
O corpo dela tinha ferimentos de facadas e familiares da corretora atestam que foi o companheiro quem a matou.
Ainda no mês de novembro, Aidilson foi preso. Os 30 dias de prisão acabaram no dia 14 de dezembro de 2017, conforme informou o Ministério Público do Estado (MP-BA). O órgão estadual denunciou Aidilson, mas a Justiça indeferiu o pedido de prisão preventiva.
“Uma pessoa alegre, extrovertida, extremamente prestativa e companheira, apesar de que nos últimos anos de vida dela, ela se afastou bastante da família por conta do relacionamento, que ninguém aceitava”, lembrou a filha da vítima.
Priscila informou que a família não aceitava o relacionamento entre os dois por causa das agressões. “Ele já chegou a ser preso em flagrante uma vez, há muitos anos, por ter batido nela, mas ficou preso por pouco tempo”, contou.
Agressões
Os parentes de Janaína disseram que Aidilson agredia a corretora constantemente. Na época do crime, uma prima da vítima disse que o homem era extremamente ciumento. Relatou ainda que a prima revelou sofrer agressões verbais e físicas do suspeito.
Uma foto divulgada pela família, mostrou a mulher com o olho roxo após ter sofrido uma suposta agressão anterior ao assassinato.
As marcas de violência, segundo os parentes, estavam espalhadas por todo o apartamento onde a vítima vivia com o suspeito. Na época do crime, a prima de Janaína, Tukka Moura, mostrou as marcas de faca na porta, pois Aidilson tentou arrombar o imóvel para agredir Janaína.
Vizinhos contaram à polícia que, na véspera do dia em que Janaína foi encontrada morta, eles ouviram barulho de mais uma briga do casal.
A família contou que, após ser golpeada, mesmo estando muito ferida, Janaína conseguiu se arrastar pelo apartamento e trancar a porta de casa, deixando o agressor do lado de fora. Mas ela não resistiu aos ferimentos.
Janaína foi enterrada no final da manhã do dia 12 de novembro de 2017, no Cemitério Campo Santo, no bairro da Federação.
Fonte G1 Bahia