Uma briga entre um motorista por aplicativo e uma passageira terminou com uma agressão no rosto e denúncia de tentativa de extorsão, em Salvador. O caso ocorreu na Avenida Luís Viana Filho, conhecida como Paralela, nas proximidades do Centro Administrativo da Bahia (CAB), na noite de terça-feira (27).
O condutor denuncia ter recebido um soco no rosto e acusado de roubo por uma passageira que esqueceu uma mochila dentro do carro dele.
O motorista Erique Souza Penalva, de 43 anos, relatou ao g1 que a passageira solicitou o transporte por aplicativo no Hospital da Bahia, na Avenida Professor Magalhães Neto, com destino ao bairro do Jardim das Margaridas.
Ela solicitou parada em uma farmácia localizada na Avenida Paralela, para comprar um medicamento, e pediu que o motorista a aguardasse.
No entanto, segundo Erique, o tempo de espera da parada chegou a 20 minutos e o limite máximo na plataforma de transporte é de três.
Pelo tempo de espera, Erique avisou a passageira que iria cancelar a corrida e deixar o estabelecimento. Em entrevista à TV Bahia, no telejornal Bahia Meio Dia, o motorista por aplicativo explicou que não poderia ficar parado aguardando a mulher.
“A gente não ganha para ficar parado, mas para ficar rodando. Se ela sabia que iria demorar, pedia uma corrida para a farmácia e de lá pedia outra para ir para casa”, relatou o condutor.
Quando estava fora do local, ele foi informado pela passageira que uma mochila tinha ficado no interior do veículo.
“Eu disse a ela que não tinha problema e voltei para entregar a mochila. Quando cheguei, ela começou a me xingar e chamar de ladrão. A mulher estava alterada e policiais militares que estavam próximo chegaram e seguraram ela. Quando entrei no carro, ela deu um soco na minha boca”, afirmou o homem.
Em um vídeo gravado por Erique, é possível ver o momento em que a passageira o acusa de roubo, tenta partir para cima dele e é contida por policiais militares.
“Você é ladrão. Você saiu, foi embora com minha mochila e me deixou aqui toda costurada. Você some e vai dar um ‘rolé’ na cidade”, diz a mulher nas imagens.
Erique contou que recebeu atendimento médico e prestou um boletim de ocorrência contra a mulher, além de realizar exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML).
“Vou entrar com um processo judicial contra ela e procurar um advogado”, afirmou o motorista por aplicativo.
De acordo com informações da Polícia Civil, a mulher foi conduzida por policiais militares até a Central de Flagrantes, onde o Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) foi registrado. Ela prestou depoimento e foi liberada. O caso será encaminhado ao Juizado Especial Criminal.
Versão da passageira
Aline Oliveira dos Santos, passageira denunciada pelo motorista por aplicativo, afirmou que sofreu uma tentativa de extorsão por Erique Souza. Confira abaixo o relato e a ordem cronológica do ocorrido, segundo a mulher.
Conforme a passageira, o condutor agiu de “má fé” e iniciou a viagem antes de chegar no local de embarque. Ao entrar no carro, ela avisou ao motorista que solicitou a parada em uma farmácia porque havia saído de uma cirurgia e precisava comprar medicamentos.
Aline Oliveira relatou quando chegou no local de parada, entrou no estabelecimento e deixou uma mochila no interior do veículo.
“Eu peguei apenas minha carteira, celular e a receita médica. Como eu sei que a plataforma de aplicativo cobra um valor do cliente caso o tempo de espera exceda, aguardei o atendimento do farmacêutico e o motorista ficou me esperando lá fora. Ele conseguia me ver pelo vidro e poderia ter me dito que não iria esperar e eu pegaria minha mochila”.
Segundo a passageira, o motorista saiu do local e só avisou para ela depois que encerraria a corrida e não iria espera-la. “Ele saiu de mansinho e ficou rodando pelo Bairro do Paz, aumentando o valor da viagem”, afirmou a mulher.
Aline Oliveira disse que avisou ao motorista que a mochila dela havia ficado dentro do carro e foi ignorada por ele. A mulher falou que, apenas ao dizer que entregaria uma quantia em dinheiro para ele, teve a solicitação atendida.
“Mandei uma mensagem dizendo que daria dinheiro à parte e apenas após isto, ele disse que levaria. Enquanto eu estava pedindo a mochila para ele, em nenhum momento ele disse que voltaria para devolver, nem me deu a opção de pegar ela em outro lugar. Depois que ofereci dinheiro, ele se dispôs a me entregar”.
A mulher disse que chamou dois policiais militares que estavam próximo e relatou que havia sofrido uma tentativa de extorsão. Segundo Aline, os agentes disseram para ela ficar perto deles, até o motorista por aplicativo voltar ao endereço.
Aline Oliveira disse que quando Erique Souza chegou na farmácia, entregou a mochila para ela e tentou sair do local. Ela disse que iniciou uma discussão com o motorista por aplicativo.
“Ele começou a debochar de mim porque achou que eu não teria acesso às imagens do aplicativo, mas enquanto conversava com ele, printei a tela do celular. Eu tirei fotos dele e do carro e falei que ia processar ele por todos os danos que poderia sofrer após a cirurgia”.
Segundo Aline, quando Erique entrou no carro para deixar o estabelecimento, ela “perdeu a cabeça” e bateu com o celular na boca dele.
“Eu perdi completamente a razão, estava transtornada, com remédio na cabeça, sentindo dor. A quina do celular bateu nele”, contou.
A passageira disse que os dois foram levados para a delegacia e ela prestou um boletim de ocorrência por tentativa de extorsão contra ele. A mulher prestou depoimento e foi liberada após assinar um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO).
Por meio de nota, a 99 lamentou o ocorrido e disse que mobilizou uma equipe especializada para apurações internas. Disse ainda que os passageiros podem adicionar até duas paradas por viagem, respeitando o tempo máximo de 5 minutos de espera em cada destino.
Caso o tempo de espera seja extrapolado, o motorista pode cancelar a corrida sem nenhum prejuízo à sua taxa de desempenho, e o passageiro poderá arcar com uma taxa de cancelamento.
Nota da plataforma 99
“A 99 lamenta profundamente o ocorrido e informa que mobilizou uma equipe especializada para apurações internas. Além disso, a plataforma busca contato com o motorista parceiro para oferecer acolhimento e disponibilizar informações sobre o acionamento do seguro, que inclui auxílio para despesas médicas e apoio psicológico. A empresa está à disposição para colaborar com as investigações das autoridades.
A 99 ressalta que os passageiros podem adicionar até duas paradas por viagem, respeitando o tempo máximo de 5 minutos de espera em cada destino, conforme estabelecido nos Termos de Uso do app. Caso o tempo de espera seja extrapolado, o motorista pode cancelar a corrida sem nenhum prejuízo à sua taxa de desempenho, e o passageiro poderá arcar com uma taxa de cancelamento. Essa e outras orientações acerca de comportamentos durante as corridas podem ser conferidas no Guia da Comunidade 99, que traz orientações sobre como agir e quais comportamentos não são aceitos na plataforma”.
Fonte G1 Bahia