Começou a demolição da construção irregular, que ameaçava o Terreiro da Casa Branca – templo candomblecista mais antigo do Brasil, que fica no Engenho Velho da Federação, na capital baiana. O espaço religioso foi também foi o primeiro tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Salvador, a demolição será feita em etapas, de forma manual e levará um tempo para ser concluído. Durante as obras, uma parte do terreiro foi interditada por questão de segurança.
Em abril deste ano, a Prefeitura de Salvador já tinha determinado a desapropriação da área que abrigava o prédio, que tem cinco pavimentos e pertence a um policial militar.
O local vai ser usado para a criação de um projeto cultural que será implementado junto ao terreiro. Os moradores do prédio foram indenizados durante o processo de desapropriação.
Membros do terreiro denunciam construção desde 2021
Os membros do Terreiro da Casa Branca denunciam a construção irregular e invasões no território desde 2021. Especialistas ouvidos pelo g1, em março do ano passado, encontraram várias irregularidades estruturais, como:
- Falta de engenheiro para projetar prédio;
- Ausência de projeto arquitetônico e estrutural.
- Descontinuidade em dois pilares;
- Construção de pavimentos além da capacidade da fundação
- Ausência de alvará de construção
- Os candomblecistas também se queixam da falta de privacidade, já que os moradores do prédio podem ver ritos sagrados que são sigilosos.
Em setembro do ano passado, a Justiça determinou a demolição da construção após pedidos do Iphan e a Procuradoria Federal (AGU). No entanto, a decisão foi revogada.
Terreiro da Casa Branca
O Terreiro da Casa Branca foi fundado no século XIX. O primeiro local sede do espaço sagrado ficava na Barroquinha, entre 1820 e 1830. Depois disso, o templo sagrado foi transferido para o Engenho Velho da Federação, no período entre 1860 e1870, e está lá desde então.
O Casa Branca foi o primeiro primeiro centro religioso não-católico a ser reconhecido como patrimônio pelo Ministério da Cultura (Minc). Típico terreiro jeje-nagô, ele é considerado como matriz da nação nagô no Brasil.
Fonte G1 Bahia