Aproximadamente 3.500 ocorrências relacionadas violência contra à mulher já foram registradas este ano em Feira de Santana. A informação é do coordenador do Centro Integrado de Comunicação (Cicom) de Feira de Santana, Major Rosuilson Cardoso, que destacou em entrevista ao Acorda Cidade a importância do 190, no combate e prevenção à violência contra à mulher.
A maioria dos registros feitos pelo Cicom é de Feira de Santana, seguido por Santo Estêvão São Gonçalo dos Campos e Conceição do Jacuípe.
O Major trouxe detalhes do Cicom/190 como um dos primeiros canais da Rede de Proteção à Mulher, justamente porque é a ferramenta mais lembrada para realizar denúncias e chamadas de ocorrências. Desde 2017, o órgão ligado à Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia realiza levantamento sobre esses dados mês a mês, com o objetivo de analisar e traçar novas estratégias para combater esse tipo de violência.
“A gente faz essa recepção das chamadas, o registro dessas ligações, encaminhamos para as viaturas, o atendimento e também acompanhamos a finalização dessas ocorrências”, explicou.
Segundo o major, chamadas relacionadas à violência contra a mulher são o segundo tipo mais frequente de ocorrências que chegam ao Cicom, a primeira posição é ocupada por reclamações referentes ao som alto. São aproximadamente 3.539 casos entre janeiro e julho deste ano.
Segundo o Major, o agressor geralmente foge quando comete o crime e acaba foragido, mas sempre que ele é encontrado, é encaminhado para Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) para ser responsabilizado judicialmente.
Em 64% dos casos, são os companheiros que violam os direitos das mulheres, seguido de ex-companheiros com 24% ou outros familiares com 8%. Outro dado fundamental para compreender como funciona a violência de gênero. Mulheres, mães, irmãs, tias, avós sofrem agressões diariamente.
Os casos mais recorrentes são de agressões físicas ou as lesões corporais, que vão desde uma violência mais branda até aquelas que envolvem armas de fogo, arma branca, inclusive, que levam a feminicídios. Conforme o major, depois vêm as ameaças e por fim o descumprimento de medidas protetivas. Ele destacou a gravidade da situação atual em toda a região.
“Esse tipo de violência vai dedicar aos órgãos de segurança a uma atenção específica, ainda mais tratando de um grupo vulnerável como são as mulheres, dado que, no universo tão grande de ocorrências que atendemos aqui, esse tipo de ocorrência é o segundo maior registrado. Eu destaco que o Cicom de Feira de Santana tem mais 16 municípios, então a gente tem uma área de abrangência muito maior. E o que a gente observa é que esse tipo de ocorrência acontece em todos os espaços, em todos os bairros de Feira, em todas as localidades também das outras cidades e ele se dá principalmente, a partir daquilo que nós temos registrado aqui, no interior das residências”, informou o coordenador ao Acorda Cidade.
Bairros e distritos
Segundo os dados revelados pelo major, o bairro do Tomba, em Feira de Santana, apresenta o maior número de ocorrências, com 11% dos casos, seguido de Campo Limpo, com 9% e Mangabeira com 5%. Nos distritos, quem lidera o ranking são: humildes, seguido do distrito de Maria Quitéria e Bonfim de Feira.
No total, conforme mostra a tabela no início desta matéria, Feira de Santana fica com uma taxa de 77,7% de ocorrências, que representam 2.750 casos. Em segundo vem a cidade de Santo Estevão, com 185 registros de chamados, e São Gonçalo dos Campos, com 119.
O major disse ao Acorda Cidade que, em comparação com o ano anterior, não há uma mudança significativa. “A gente não teve uma variação muito grande, na verdade, tem um número muito parecido com o ano passado, de 17 ocorrências por dia, em média”. Um destaque interessante apontado pelo Cicom é que nos finais de semana as ocorrências aumentam. Domingo é o dia mais frequente, com 25%.
“No final de semana esse número aumenta, isso chega a cerca de 50 ocorrências no sábado e no domingo. Ou seja, a gente vai ter quase triplicado esse tipo de ocorrência”.
Apesar de acontecer em qualquer horário, à noite também é mais frequente.
“Tem vários fatores que são envolvidos, mas o que a gente percebe é que a partir de um determinado horário na sexta-feira, a gente consegue observar uma evolução desse tipo de ocorrência e isso vai culminar no final, do domingo para segunda a gente vai ter um decréscimo, mas a gente percebe que a partir do meio-dia da sexta-feira até a madrugada da segunda-feira a gente tem um crescente de ocorrências contra a mulher”
Outro dado importante é sobre quem liga para o Cicom relatando as ocorrências. Segundo os dados apresentados, 47% das pessoas que ligam são as próprias vítimas pedindo ajuda, seguida dos vizinhos, com 22%, e algum familiar, com 18%.
“Isso para a gente é importante porque nós temos a percepção de que não está sendo naturalizada a violência contra a mulher. As pessoas se preocupam, não apenas a vítima fica com esse encargo. As pessoas que ouvem, as pessoas que vêm, ligam para a gente e nós conseguimos fazer um atendimento com a viatura no local do fato”.
Trotes
De acordo com o Major Rosuilson, trotes não são frequentes, até mesmo porque quem liga são as próprias vítimas e pessoas que suspeitam ou presenciam a situação. A forma como os agentes do Cicom atuam dando o suporte por ligação também é fundamental para iniciar a investigação e o acompanhamento de cada caso.
“Nós temos um maior grau de detalhe na informação. Ele fala o que está acontecendo, quem está sendo vítima. Eventualmente, as pessoas são conhecidas. Então, assim, nesse caso específico de violência contra a mulher, o número de trotes é muito reduzido. E isso é importante destacar. A gente tem uma taxa muito alta de atendimento com a viatura no local. Mais de 90% das ocorrências de violência contra a mulher, nós conseguimos deslocar a viatura. Não conseguimos alcançar 100% porque infelizmente dependemos de informações importantes, por exemplo, o endereço e um ponto de referência”.
Para denunciar qualquer tipo de violência contra a mulher, ligue 190.
Fonte Acorda Cidade