“Busco me entender, me aceitar, mas ontem queria não existir porque fiquei sentindo como se não pudesse estar ali”. O relato é da redatora publicitária Jade San Galo, de 27 anos. Ela se sentiu desse modo após ouvir que não poderia fazer uma ressonância pélvica em uma clínica particular de Salvador por conta do seu peso — cerca de 140 kg, dez a mais do que a capacidade da máquina.
Em entrevista ao g1, Jade afirma que é gorda desde criança, assim como parte da sua família. A baiana é sobrinha da cantora Ivete Sangalo.
Ela afirma que se sente bem com a própria aparência, mas ficou constrangida com o atendimento ocorrido na terça-feira (6). A clínica não questionou o peso dela anteriormente e a publicitária só soube dessa barreira depois de passar uma hora na sala de espera.
“Eu decidi viver sendo uma mulher gorda, então eu sei que tem acessos que eu não tenho, sei que vão ter coisas que podem ser comprometidas por causa do meu tamanho, mas ninguém me falou que eu não poderia realizar o exame. Passei a tarde toda esperando e não tive acesso”.
Coube a ela encontrar outra clínica com uma máquina de ressonância compatível. Já ciente dessa limitação, Jade tomou a iniciativa de informar seu peso previamente, a fim de garantir que não terá mais problemas desse tipo. O exame foi marcado para o fim deste mês.
Gordofobia no atendimento médico
Jade conta que essa não foi a primeira vez que sofreu preconceito ao buscar serviços de saúde. “A gordofobia médica sempre acontece”, ressalta, antes de acrescentar que “as pessoas olham como se o peso fosse a questão de tudo.
“Já tive ginecologista que antes de me olhar e entender o meu caso já direcionou para o peso”, recordou. Atualmente, ela é acompanhada por uma médica que analisa todas as condicionantes. O pedido de ressonância, inclusive, foi para investigar um possível quadro de endometriose.
Jornada de auto-amor
Para Jade, foi uma longa trajetória até chegar ao ponto atual em que mantém uma rotina saudável e convive bem com o espelho. A publicitária lembra que enfrentou uma adolescência difícil, com dietas super restritivas e a busca incessante por números inalcançáveis na balança.
A recuperação veio com a maturidade, já adulta. Hoje, ela destaca que gosta do próprio corpo e tem uma relação boa com a comida, mantém uma alimentação saudável e pretende retomar a atividade física nos próximos dias. Ela não gosta de academia, ambiente que também considera excludente, mas “se encontrou” na corrida e boxe.
“Tem dias que eu acordo e penso: ‘Seria tão mais fácil se eu fosse magra’. Mas eu não quero. Eu quero manter meu corpo porque eu gosto dele”.
Fonte G1 Bahia