O tio do rifeiro Willy Cleiton Silva Lopes, de 20 anos, desaparecido desde domingo (16), contou que chegou a pedir para o sobrinho deixar de trabalhar com rifas, após ver casos de violência contra os vendedores em programas de televisão.
“O padrasto dele trabalha em construção. Eu já tinha comentado com ele para parar com esse negócio de rifa, porque estava passando muitos casos de violência com rifeiros na televisão”, disse o tio de Willy Cleiton, Fabrício Ribeiro.
“Como ele estava tirando a habilitação, até pedi para ele rodar por aplicativo, porque era melhor, mas como ele ainda não tinha a habilitação, não poderia rodar”, afirmou o tio do jovem.
Na terça-feira (18), o corpo de um homem foi encontrado, na CIA Sul, Rodovia Vasco Filho, em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador, próximo da área onde o jovem desapareceu. A Polícia Civil informou que apenas os laudos do Departamento de Polícia Técnica (DPT) podem confirmar a identificação da vítima, que estava em estado avançado de decomposição.
No entanto, o corpo estava com uma bolsa com documentos de um amigo de Willy Cleiton. O dono dos documentos foi ouvido pela polícia e confirmou que o rifeiro cuidava dos pertences antes de desaparecer.
Apesar de ter aconselhado o sobrinho a deixar de trabalhar com rifas. A família de Willy acredita que ele foi morto por policiais militares, após uma operação na região.
As buscas da polícia por Willy Cleiton foram iniciadas na terça, em uma região de matagal que fica às margens da BR-324. O jovem desapareceu após sair cedo de casa, afirmando que iria trabalhar com rifa.
Testemunhas relataram que policiais militares teriam atirado contra o jovem e um grupo de amigos na região. Eles faziam manobras com a motocicleta do jovem para tirar fotos. Um desses amigos esteve no local com os policiais civis, para ajudar na busca.
Apesar disso, a informação não foi confirmada pela Polícia Militar. O g1 entrou em contato com a corporação para pedir um posicionamento, e aguarda retorno.
Fabrício Ribeiro ainda afirmou que foi em delegacias da região e companhias da Polícia Militar, próximas do local onde o jovem desapareceu no domingo, mas foi informado que não havia registro de ocorrências policiais na localidade, naquele dia.
No entanto, a família de Willy Cleiton foi informada apenas por moradores, que os jovens foram abordados por policiais e perseguidos no local. As pessoas também relataram que ouviram tiros.
“A gente quer saber o que aconteceu porque se houve operação ali naquele momento, atrás dos meninos que estavam cometendo crime de trânsito, porque eles me falaram que não tinha registro de ocorrência na ocasião?”, questionou o tio do rifeiro.
Willy Cleiton foi definido pela família como um jovem tranquilo, que tinha passado a andar na rua, nos últimos anos, após comprar uma motocicleta.
“Nunca deixou de estudar, trabalhou comigo como ajudante de pedreiro, ajudou a construir a casa da mãe dele. Ele ia para a igreja com minha mãe”, relatou.
“Depois que pegou essa moto que começou a ir para rua, pegou amizade, mas era um menino tranquilo , sem maldade no coração”.
Entenda sobre o sumiço do rifeiro
- No dia em que sumiu, Willy Cleiton acordou cedo e se arrumou para sair de casa, o que causou estranhamento à mãe dele, Milse Silva. Ela relatou que chegou a perguntar o que ele iria fazer, mas o jovem disse que ia trabalhar com rifa.
- Depois do sumiço sem respostas, um dos tios do rifeiro, Fabiano Ribeiro, esteve no local de mata para procurar o jovem, ainda no domingo, mas não encontrou nada. Ele contou que também foi nas delegacias de Simões Filho e no Instituto Médico Legal (IML), mas não identificou o sobrinho.
- Na terça, durante operação da polícia na região, a motocicleta e o celular de Willy foram encontrados e devolvidos aos familiares dele.
- O caso é investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), onde o desparecimento do jovem foi registrado.
- Ainda não há informações sobre o motivo do desaparecimento do rifeiro e ninguém foi preso.
Fonte G1 Bahia